
Gostaria de fazer alguns esclarecimentos aos leitores por conta do post que coloquei no ar hoje, exibindo a empolgação dos moradores de Chapadinha diante de uma singela escada rolante (Reveja AQUI).
Percebi que os mais lúcidos entendem a natureza da crítica que faço em relação ao Maranhão. Sempre digo que encarar nosso atraso de frente é coisa para corajosos. São os medíocres, os acomodados ou os que tem algum tipo de intere$e, que fingem não perceber a realidade em volta, agindo como os psicóticos.
Nunca tive a preocupação de escrever coisas com a finalidade de agrandar o leitor para ter dele simpatia e audiência. Acho que já passou da hora de nos sentirmos incomodados, o incômodo serve para gerar algum tipo de ação.
Um blog é, antes de qualquer coisa um diário pessoal, foi assim que ele surgiu na internet, em seu formato original. Em todo lugar do mundo, blog é basicamente uma ferramenta para expor aquilo que a mídia oficial não expõe, nós aqui é que temos essa mania tola de achar que blog serve como mais um espaço para o “jornalismo oficial”.
A nossa realidade é essa que está aí diariamente nos noticiários pelo mundo afora, aliás, a realidade mostrada na mídia nacional sobre o Maranhão, na maioria das vezes, é apenas a parte dos horrores que são publicáveis. Existem por aí cotidianamente muitos horrores impublicáveis e são eles a revelar que a crise no estado não é apenas política ou de governança, é também uma crise moral, de valores, uma crise civilizacional. São esses horrores impublicáveis que vez por outra mostro aqui.
E o que cabe a nós maranhenses neste momento de crise?
No vídeo que exibi, de mais pouco mais de 40 segundos, há um senhor que aparenta certa idade. Ele aceita o desafio de subir na escada rolante, mas rapidamente perde o equilíbrio e tem que ser amparado por um funcionário da loja que, a exemplo das demais pessoas em volta, sorri achando tudo muito engraçado.
Provavelmente é o mesmo que aconteceu com a maioria das pessoas que viram e compartilharam o vídeo (que postei há umas poucas horas e que já tem duas mil visualizações.)
As pessoas riem, compartilham o vídeo e encontram assim uma forma emocional de assimilar a dura realidade que está inscrita no contexto das imagens.
Algo semelhante também ocorreu com as fotos dos detentos decapitados em Pedrinhas, divulgadas em quase todos os blogs e nas redes sociais. As pessoas se chocaram, mas para assimilar emocionalmente o horror, compartilharam aquelas imagens, repetiram palavras de condenação ao que ocorreu e assim conseguiram lidar com a dura realidade que está explícita naquelas imagens.
O que me motiva não é o gesto da imagem vista para ser compartilhada com galhofa ou horror momentâneo, o que me motiva é que olhemos para essas imagens e encaremos os fatos, por mais duros que eles sejam, que fiquemos incomodados, perturbados, envergonhados e que, motivados por isso, nos mobilizemos para a ação.
A nossa realidade é dura sim, mas muito pior é fugir dela.
Aceitemos nossas misérias, nossas tragédias, nossas dores, nossos provincianismos, assim com somos tomados pela emoção com as nossas grandezas, nossas belezas, nossos amores.
Encarar de frente nossas misérias e o nosso atraso não é vergonha, é um ato de coragem, necessário sobretudo para que tenhamos motivação na luta cotidiana por um Maranhão melhor, se não para nós, ao menos para as futuras gerações.
Entenderam?
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