terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Facebook completa 10 anos de olho em usuário de celular

Camilo Rocha

Ligia Aguilhar

Como faz todo ano, no início de janeiro o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, fez uma resolução. Para 2014, ele promete redigir uma nota de agradecimento pessoal por dia, a ser enviada por e-mail ou carta de papel.
Não faltam motivos para dizer “obrigado”. Só em 2014, Zuckerberg ganhou mais US$ 3,4 bilhões graças à valorização das ações da empresa assim que os resultados de 2013 foram divulgados na semana passada.

O Facebook elevou o uso das redes sociais a níveis inéditos de popularização e engajamento. Para o professor de marketing da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Rodrigo Tafner, a principal realização do Facebook foi criar ferramentas para integrar totalmente os seus usuários. “A partir de 2005, o Facebook investiu na Web 2.0, onde os usuários passam a ser geradores de conteúdo e, de funções simples como postar o seu status, passaram a ter condições de incorporar fotos, vídeos e dar novo significado a esse conteúdo”, diz.

A rede social chega aos 10 anos com desafios importantes. O principal é aprimorar a experiência em dispositivos móveis. Na semana passada, ao divulgar os resultados do quarto trimestre de 2013, a rede social revelou que pela primeira vez o número de acessos por plataformas móveis superou os acessos por desktop – dos 1.23 bilhão de usuários ativos por mês, 945 milhões acessam o site por smartphone ou tablet.

Mobile
No anúncio dos resultados da empresa no quarto trimestre do ano passado, Zuckerberg deu uma pista de como se dará o desenvolvimento do Facebook em plataformas móveis daqui pra frente ao falar sobre “variedade de produtos”.

Na prática, isso significa que mais do que incorporar novas funções ao seu aplicativo já existente, o Facebook pretende desenvolver aplicativos próprios para algumas ferramentas.

A principal aposta até agora é o Messenger, sistema de mensagens privadas da rede social que, nos tablets e celulares, ganhou um app próprio para concorrer com aplicativos populares como o Whatsapp.

Ontem, a rede social lançou nos Estados Unidos outro produto promissor para sua estratégia, o aplicativo agregador de notícias Paper, que pretende melhorar a experiência de consumo de conteúdo por meio do Facebook.

Cansaço?
Para muitos, outro desafio será continuar relevante. Já há quem diga que o Facebook tem data de validade. Pelo menos entre os jovens dos Estados Unidos há sinais de cansaço. Segundo um estudo recente, a porcentagem de usuários ativos entre 16 a 19 anos naquele país caiu de 75% no fim de 2012 para 48% no último trimestre do ano passado.

“Sua maior ameaça não é a evasão de usuários, mas a diminuição do tempo médio de uso. E é isso que temos testemunhado vários jovens fazer”, acredita o publicitário Gabriel Borges, da agência Ampfy. “Os jovens estão dando espaço para outras plataformas como o Instagram, Snapchat e Whatsapp.”

A facilidade de mudar contribui para a infidelidade, como lembra Carlos Affonso de Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS). “A geração que está crescendo com a expansão da internet móvel e da lógica dos aplicativos tem acesso mais facilitado às novidades tecnológicas do que a geração que precisava comprar um software na loja ou esperar uma década para ele baixar da internet.”

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Peças do museu da internet

Nos primeiros dez anos do Facebook, a rede social deixou muitos concorrentes na rua da amargura. Eis o que encontramos quando acompanhamos a trajetória de sonhos desfeitos da mídia social.

Myspace. Nenhum site simboliza o domínio do Facebook como o outrora campeão Myspace. Lançado em 2003, ele foi vendido mais tarde para a News Corporation de Rupert Murdoch por US$ 580 milhões, no momento em que era o site social mais popular do mundo.

Pega de surpresa pela ascensão do Facebook, a News Corporation vendeu o site para a Specific Media por US$ 35 milhões em 2011. O Myspace ainda funciona como site para amantes de música. O cantor Justin Timberlake é um dos investidores.

Orkut. O Google ainda é proprietário do site apesar da abrupta queda no número de usuários nos Estados Unidos. Hoje o Orkut é mais acessado por adolescentes no Brasil e Índia. O Google vem tentando transferir seus usuários para o Google+, outro concorrente problemático do Facebook que tem tido dificuldades para se impor. Recentemente, permitiu aos usuários do Orkut ligarem suas contas ao Google+.

Bebo. Símbolo da bolha de valorização das redes sociais que acabaram explodindo. Bebo foi vendido para AOL por US$ 850 milhões pelos seus fundadores Michael Mirch e Xochi Birch em 2008. Com um número enorme de seguidores no Reino Unido e Irlanda, registrava 40 milhões de usuários quando foi vendido. Em 2011, a AOL vendeu o site para uma empresa de investimento em tecnologia que, no ano passado, vendeu-o de volta para os irmãos Birch por US$ 1 milhão. Tudo o que restou do site hoje é um vídeo hilário em que Michael Birch ironiza o conteúdo o pornográfico do site como nos velhos tempos. Uma versão redesenhada – como aplicativo de telefone – será lançada este mês.

Friendster. Pioneiro nas redes sociais, o site foi inspiração para uma série de imitadores. Reunindo mais de 100 milhões de usuários registrados quando estava no seu auge, hoje é um site de jogos baseado em Kuala Lumpur, com a maior parte dos usuários no Sudeste Asiático.

“Hoje as ruínas do Friendster continuam perfeitamente preservadas”, disse um falso arqueólogo num vídeo do Onion, em 2009. “Quando entrei no site sabia que era o primeiro ser humano a colocar os olhos naquelas páginas em muitos e muitos anos.”

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