segunda-feira, 21 de abril de 2014

Cada vez mais isolado, Sarney peregrina em busca de apoio eleitoral


Emparedado pelo PMDB maranhense, o senador José Sarney volta-se para o Amapá, que ele tem tratado como uma rota de fuga eleitoral e aqui vai jogar todas as suas cartas para continuar no Senado – a única forma de manter viva a oligarquia que controla o Maranhão há mais de 50 anos, cuja família sabe que tem poucas chances de vitória frente à forte candidatura de Flávio Dino (PCdoB).

Após ter sido flagrantemente derrotado internamente no PMDB do seu estado, onde a sua filha, Roseana Sarney, foi obrigada a permanecer no governo em função de disputas partidárias internas, o octogenário senador intensificou as conversas com a direção nacional do PT a fim de conseguir o apoio do PT regional para sua candidatura ao Senado pelo Amapá.

Sarney tem tentado colocar a sua candidatura no pacote eleitoral nacional que está sendo costurado entre o PT e o PMDB. O senador maranhense defende, ardorosamente, na articulação entre as duas legendas que, para o PMDB acompanhar a reeleição da presidenta Dilma, os petistas precisam apoiar as candidaturas pemedebistas na maioria dos estados nortistas.

Na realidade, essa política de alianças já está em curso nos estados do Amazonas, do Pará, de Rondônia, Roraima e, até mesmo, do Maranhão, onde o vice-governador, Washington Oliveira (PT-MA), foi transformado em conselheiro do Tribunal de Contas do Estado numa estratégia política que visava dar segurança à candidatura de Roseana ao Senado, e que deu errado por culpa do próprio PMDB. Fora do pacote só estariam os estados do Acre e Amapá.

O PT tem resistido a pressão do senador.

Para o PT nacional, manter alianças com os governadores socialistas Camilo Capiberibe, do Amapá, e Renato Casagrande, do Espírito Santo, é importante para uma eventual disputa de 2º turno. Eles poderiam facilitar a aproximação e o diálogo com o PSB. Além disso, as lideranças petistas avaliam que o desgaste político do senador, tanto no Maranhão como no Amapá, indicam uma possível derrota eleitoral do ex-presidente da República. Por hora, o PT segue com candidatura própria para o Senado no Amapá.

Até porque a resistência do PT amapaense, que é comandado por correntes não alinhadas à direção nacional do partido, chegou a um nível de radicalidade tão grande que dificilmente cederá a imposições de instâncias partidárias superiores. A vice-governadora Dora Nascimento (PT) – pré-candidata ao Senado – afirmou ao presidente Rui Falcão, em uma reunião nacional do partido, que "o PT do Amapá jamais carregará a bandeira do Sarney", ou seja, se Sarney ganhar, não vai levar.

Perguntado pelo MZ sobre a possibilidade do PT nacional impor a candidatura do senador Sarney ao PT local, o governador Camilo Capiberibe (PSB-AP) disse que não acredita que isso possa acontecer, até porque ele acha que a candidatura petista ao senado tem crescido e se consolidado, mas, caso a hipótese se confirmar, ele adiantou que vai apoiar outra candidatura que possa fazer frente à de Sarney. "O senador [Sarney] em nenhum cenário irá disputara essa eleição como candidato único. Isso ele pode ter certeza".

Camilo não disse, mas entre as candidaturas possíveis de serem apoiadas por ele estariam a do Psol, do DEM ou outra que tivesse escopo para enfrentar e derrotar Sarney virando a página da história do Amapá, tal como já estão fazendo os seus conterrâneos maranhenses.


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