sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Marimbondos em transe: fogo no Maranhão

Por Xico Sá

Poesia e política são demais para um homem só, como diz aquele cara do “Terra em Transe”, talvez o maior filme político brasileiro depois de “Tatuagem”, ainda em cartaz, graças a Deus.

Poesia e política são o “bom dia” de um homem que é homem e de uma mulher idem.

Poesia e política serão meus assuntos preferidos neste 2014 de Copa, eleições e os marimbondos de fogo de sempre.

Por isso vos digo:

Para entender o Maranhão 2014 é preciso rever o filme “Maranhão 66”, um curta-metragem de encomenda feita pelo gênio Glauber Rocha para documentar a posse de José Sarney ao governo dois anos depois do golpe dos milicos.

Você pode ver a fita aqui sobre o homem que ainda está lá –antes ou depois de ler estas linhas tortas sobre o assunto.

Não careço dizer muito. Vinte ou trinta palavras em torno do sol dos tristes trópicos são o suficiente.

Talvez seja preciso apenas a palavra oligarquia para explicar tudo que acontece agora naquelas incríveis terras meio amazônicas meio nordestinas.

O filmaço do profeta Glauber já revela tudo. Da maneira mais simples: o discurso empolado de Sarney, o cabeça indegolável do clã, sobre imagens tão fortes quanto os presos decapitados do Maranhão de hoje.

O “Maranhão 66” é aqui e agora.

O “Maranhão 66” agora teria uma versão “Maranhão 666”, o Maranhão da besta oligárquica.

Com uma ilha de modernidade e riqueza que arrota lagosta; com uma massa que só Jesus, o homem de Nazaré e o guaraná, salva.

Saltará o amigo, com o dedo da esperteza em riste no boteco: ah, até ai é apenas um pouquinho do Brasil aiá!

Não careço do numerol estatístico para dizer que o amigo se engana. O Maranhão anda pior. Vê-se a olho nu. Aquela miserona antiga, sob choupanas e barbeiros da doença de Chagas, ali ainda marca presença como a indigesta das gentes.

O Maranhão da luta renhida de Gonçalves Dias, Sousândrade, Ferreira Gullar, Adelino Nascimento, Joãosinho Trinta, WAS (poeta maranhense radicado no Hellcife), Alcione, Celso Borges, Zeca Baleiro, Zema Ribeiro, Bruno Azevêdo e pitombísticos militantos.

A palavra é oligarquia. Oligar quem? Do grego: governo de poucos.

A mesma palavra, caríssimo Aristóteles, vivíssima em quase todos os outros 26 estados brasileiros. Com a diferença de estar mais diluída nos dicionários locais. Em nenhum outro a presença de uma só família é tão marcante. Posso estar errado. Fala Brasil que eu te escuto.

Oligarquia está na São Paulo dos tucanos, está na Minas de Aécio, está no peemedebismo (a doença infantil da putaria generalizada), está no Pernambuco de Campos e espaçosos, Cavalcantis e Cavalgados, está na hemodiálise diária da política lulo-dilmista, está no DNA de quase todos, dos sanguinários, dos guesas, dos sangrentos e dos sanguessugas.

Poesia e política são demais para um homem só. Como um greco-cratense amo juntar as duas coisas. Conto com vocês para esta verdadeira experiência químico-anarquista.

Nada como um post atrás do outro e um blogueiro desmiolado no meio. Até o próximo. A luta me descontinua.

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